Deputados da França aprovam autorização à morte assistida

Direito à eutanásia poderá ser concedido a cidadãos franceses que tiverem doenças graves e com sofrimento físico ou psicológico – texto vai ao senado francês
Deputados da França aplaudem aprovação de projeto de lei que garante direito à eutanásia. (Foto: reprodução / Stephane de Sakutin / AFP)

Os deputados da França aprovaram, nesta terça-feira (27), um projeto de lei que autoriza a eutanásia.

O texto ainda precisa ser analisado pelo Senado antes de entrar em vigor.

Segundo a proposta, o direito à morte assistida poderá ser concedido a um cidadão que se enquadrar em todas as seguintes condições:

ter 18 anos de idade;

ser francês ou residir na França;

expressar vontade de realizar o procedimento “de forma livre e informada”;

atestar que possui uma doença grave e incurável, em fase avançada ou terminal;

apresentar sofrimento físico ou psicológico.

De acordo com o jornal Le Monde, o texto prevê que o paciente que solicitar a eutanásia deverá apresentar o pedido a um médico, responsável por autorizar ou negar o procedimento com base na análise de uma banca.

O próprio profissional poderá aplicar a substância letal no paciente.

A lei garante aos médicos o direito de se recusar a realizar o procedimento.

Por outro lado, estabelece pena de até dois anos de prisão ou multa de 30 mil euros (cerca de R$ 192 mil) para quem tentar obstruir procedimentos autorizados — inclusive por meio de desinformação online.

Os deputados também aprovaram outro projeto de lei que regulamenta os cuidados paliativos.

A proposta que institui o direito à morte assistida gerou polêmica na França, inclusive dentro do próprio Parlamento.

Setores da sociedade, como a Igreja Católica, manifestaram preocupação com a medida.

A oposição, liderada pelo partido da ultradireitista Marine Le Pen, votou contra o projeto.

A França começou a analisar propostas sobre o direito a eutanásia em 2022 com o apoio do presidente Emmanuel Macron.

Em uma rede social, ele comemorou a decisão da Assembleia Nacional.

“Com respeito pelas sensibilidades, dúvidas e esperanças, o caminho de fraternidade que eu desejava vai se abrindo pouco a pouco”.

“Com dignidade e humanidade”, escreveu.

Segundo a imprensa francesa, o texto deve sofrer várias alterações no Senado, já que a Casa tem uma postura mais conservadora.

Caso a proposta seja modificada, a Assembleia Nacional deverá fazer uma nova votação.

A ministra da Saúde, Catherine Vautrin, afirmou que o governo espera concluir o processo antes das eleições presidenciais de 2027.

Redação G1

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