Defensoria vai recorrer para Braskem pagar valores maiores a moradores dos Flexais

Decisão da Justiça federal mandou pagar R$ 12,5 mil por família; Defensoria tinha pedido R$ 100 mil por pessoa
Protesto de moradores dos Flexais (no último dia 16), por ainda não terem sido atendidos, e Defensoria Pública de Alagoas: órgão deve pedir revisão também de valores pagos a outras comunidades. (Foto: reprodução)

A Defensoria Pública do Estado de Alagoas (DPE/AL) anunciou que vai recorrer da decisão da Justiça Federal que determinou pagamento de indenização por danos morais e materiais aos moradores dos Flexais e parte da Rua Marquês de Abrantes, no bairro de Bebedouro.

O anúncio foi feito por meio do Núcleo de Proteção Coletiva, a decisão foi proferida na última sexta-feira (19) e a intenção de recorrer foi divulgada nesta segunda-feira (22), à tarde.

Segundo o Defensor Público Ricardo Antunes Melro, o recurso visa assegurar o pagamento de valores indenizatórios justos, uma vez que a quantia estabelecida pela justiça foi significativamente inferior ao solicitado pela Instituição.

“A indenização ficou muito aquém do que a população necessita e esperava” explicou Melro.

“A Defensoria Pública solicitou uma indenização de R$ 100 mil por pessoa, ou seja, um dano individualizado”, acrescentou.

“No entanto, a resposta do judiciário fixou em R$ 12,5 mil por unidade familiar, o que ocasiona uma desigualdade acachapante”, enfatiza o defensor.

O Defensor explica que a situação de dano na região dos flexais é considerada pior do que nos outros bairros, como o Pinheiro, uma vez que foram constatados, e houve uma realocação rápida com a devida indenização.

“Essas pessoas estão lutando pela realocação há cerca de três anos, e, sem a efetiva mudança, enfrentam um dano diário”, acrescenta o representante da Defensoria.

“Como podem receber uma indenização inferior aos outros bairros?”, questiona.

“E, vale ressaltar, nos outros bairros os valores já foram muito baixos, R$ 40 mil é muito pouco”.

“Estamos inclusive preparando uma ação para revisar todos esses casos”, anunciou.

As comunidades dos Flexais de Baixo e de Cima, e a Rua Marquês de Abrantes, no bairro Bebedouro, sofrem há mais de três anos devido ao isolamento socioeconômico e à insegurança causados pela realocação das comunidades vizinhas, em razão da tragédia geológica gerada pela mineradora Braskem. Além disso, a localidade enfrenta diversos problemas estruturais, como rachaduras e afundamentos, que a população acredita serem resultado das ações da Braskem em Maceió.

Valor estabelecido

Na última sexta-feira, 19, a Justiça Federal atendeu parcialmente aos pedidos da Defensoria Pública em ação do ano passado.

O magistrado estabeleceu outubro de 2020 como marco inicial do isolamento socioeconômico na região dos Flexais, dois anos antes do acordo para medidas socioeconômicas.

As indenizações foram fixadas em R$12.500 por ano para cada núcleo familiar e R$15 mil por ano para moradores com atividade comercial ou profissional em casa.

O período de indenização inicia em outubro de 2020, reconhecendo valores acordados até outubro de 2022.

A decisão também reconhece o direito à indenização por danos materiais decorrentes da desvalorização imobiliária, correspondendo à diferença entre o valor dos imóveis na sentença e o valor hipotético sem o isolamento socioeconômico.

Quanto à realocação da comunidade, o magistrado decidiu discutir isso em um processo separado no futuro.

Assessoria de Comunicação da Defensoria Pública de Alagoas

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