Com a presença de autoridades que participaram do trabalho de perícia e investigação, as nove vítimas encontradas mortas em um barco de origem africana que estava à deriva na costa do Pará foram enterradas provisoriamente na manhã desta quinta-feira (25) no cemitério São Jorge, em Belém.
Localizado no bairro Marambaia, o cemitério é público e está sob a administração municipal.
A cerimônia foi laica.
Já o sepultamento vai utilizar a técnica de inumação.
Desta forma, se as vítimas forem identificadas e as famílias localizadas, os corpos podem ser exumados e o traslado feito para o sepultamento no país de origem.
Os enterros começaram por volta das 10h.
Até o momento, nenhuma vítima foi identificada.
A Polícia Federal afirma que está em contato permanente, via Interpol, com entidades internacionais, enquanto a perícia é feita no Instituto Nacional de Criminalística (INC), em Brasília.
A PF localizou 25 capas de chuvas e 27 celulares dentro da embarcação.
Os policiais federais investigam a possibilidade de que mais pessoas possam ter saído com a embarcação da Mauritânia, na África, onde ela estava atracada em 17 de janeiro, segundo a investigação.
Entre as linhas de apurações, as autoridades investigam a suspeita de que corpos possam ter sido lançados ao mar durante a viagem.
Apurações da PF apontaram que o barco chegou acidentalmente até a costa brasileira.
As apurações preliminares indicam que o destino do grupo era as Ilhas Canárias, que pertencem a Espanha.
O arquipélago espanhol é considerado porta de entrada de refugiados ou migrantes que buscam entrar ilegalmente na Europa.
Documentos encontrados na embarcação apontam que algumas vítimas eram da Mauritânia e de Mali. Há presença de pessoas de outras nacionalidades não é descartada.
No dia 17 de janeiro, a embarcação estava na Mauritânia, segundo detalhes apurados pela PF.
Conforme a PF, a migração de pessoas dos países africanos é uma questão humanitária que conta com milhares de pessoas desaparecidas.
Apesar disso, não existem dados técnicos estruturados sobre a identificação de vítimas.
Desta vez, as autoridades federais informaram que não é possível estimar o prazo para identificação dos 9 corpos.
Contudo, a PF diz que vai empenhar todos os esforços para que a identidade das vítimas seja estabelecida no menor tempo possível.
Como o barco foi localizado sem motores ou qualquer sistema de propulsão, especialistas em oceanografia afirmam que a embarcação pode ter sido impulsionada por correntes marítimas e ventos do Oceano Atlântico, que a trouxeram da costa africana para o litoral brasileiro.
A distância percorrida supera os 4.000 km.
Se a embarcação tivesse saído do porto de Nouakchott, na Mauritânia, ela teria percorrido cerca de 3.981km para chegar até a região de Bragança, no Para.
Documentações obtidas pela PF indicaram que vítimas da Mauritânia e Mali estavam na embarcação.
Apesar disso, a PF não descarta que pessoas de outras nacionalidades estivessem na embarcação.
Talyssa Lima, Mardélio Couto