Cientistas da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, progrediram em estudo que desenvolve substância capaz de destruir o vírus da Aids.
Mais detalhes da pesquisa foram publicados no Journal of Medical Chemistry, neste mês.
De acordo com Cristiano Galvão infectologista do hospital Vila da Serra, atualmente, a medicação para o HIV, é basicamente para impedir a replicação do vírus, trata-se de medicamentos liberados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), altamente eficazes.
“Hoje a gente tem esquemas de tratamento com um a dois comprimidos por dia, que vão manter o vírus praticamente sem se replicar, fazendo com que a pessoa tenha o estilo de vida normal”, explica.
“Então, tem esse problema, que é uma medicação de uso constante para que uma pessoa tenha uma vida normal”, acrescenta.
Segundo o infectologista, existe uma proteína que se chama Nef, produzida pelo vírus HIV, a função dela é camuflar o vírus.
Por isso, a Nef engana o sistema imunológico, as células de defesa não entendem que estão infectadas, então é impossível para as células de defesa agirem e eliminar o vírus.
Hoje, não existe medicação que consiga eliminar essa proteína, a Nef.
Pesquisadores americanos conseguiram desenvolver bactéria que produz substância com potencial de destruir proteína que protege o vírus HIV do sistema de defesa do corpo humano.
“Foi descoberto, recentemente, que alguns organismos, as cianobactérias, que podem ser encontradas na água ou até no solo, produzem substância muito parecida com a Nef, que poderia funcionar como medicação para neutralizar a proteína do vírus HIV”.
“A expectativa é que seja possível isolar e produzir as cianobactérias, em grande quantidade e, desenvolver um medicamento que, teoricamente, poderia funcionar como arma de combate às proteínas que o HIV produz e, possivelmente ser um dos mecanismos de cura definitiva da Aids”, detalha.
Sobre o tempo de estudo para desenvolvimento da medicação, o médico diz que pode demorar anos.
“Vai ser avaliada a segurança da medicação, então esse tempo é muito prolongado, a gente não tem perspectiva, mas são períodos longos, caso dê tudo certo e não tenha efeitos colaterais graves”.
“No futuro, a médio e longo prazo, pode significar a cura do HIV”.
“A pessoa poderia adquirir a doença e, com esse tipo de medicação, caso seja desenvolvido, poderia ficar definitivamente livre do vírus”, enfatiza.
“Volto a repetir, isso pode demorar anos”, reforça o infectologista do hospital Vila da Serra, Cristiano Galvão.
HIV
A aids é a doença causada pela infecção do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV é a sigla em inglês).
Esse vírus ataca o sistema imunológico, que é o responsável por defender o organismo de doenças.
As células mais atingidas são os linfócitos T CD4+.
O vírus é capaz de alterar o DNA dessa célula e fazer cópias de si mesmo.
Depois de se multiplicar, rompe os linfócitos em busca de outros para continuar a infecção.
Jacqueline Moura