Centro de Prevenção do Suicídio atendeu 272 pessoas em um ano

Centro CAIS atua ainda na chamada Pósvenção (oito casos foram reincidentes) e na prevenção também da Autolesão
O Cais é um equipamento de saúde pública advindo de investimento realizado pelo Estado, por meio da SESAU e com profissionais de diferentes áreas: pessoas acolhidas recebem cuidados especializados e são monitoradas por serviços de referência. (Foto: reprodução / Thallysson Alves / ASCOM HGE)

O Centro de Acolhimento Integrado, Prevenção e Pósvenção ao Suicídio e Autolesão (Cais), situado no Hospital Geral do Estado (HGE), em Maceió, realizou 272 atendimentos no primeiro ano de funcionamento.

O número é preocupante e justifica o alerta da campanha Setembro Amarelo contra o suicídio, pois sabe-se que praticamente 100% dos casos estão relacionados às doenças mentais e a pessoas que não tiveram acesso ao tratamento.

O problema é mundial e de saúde pública.

Fazendo um recorte dos casos assistidos pela principal unidade de urgência e emergência da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), oito pessoas foram reincidentes, ou seja, tentaram mais de uma vez o suicídio.

Os métodos mais prevalentes são: intoxicação exógena, arma branca, autolesão, queimadura e enforcamento.

Todos os casos foram acolhidos e encaminhados aos serviços de referência necessários.

“Dos 272 atendimentos realizados, 221 foram notificados, e nós conseguimos diminuir a subnotificação em 108%”.

“Essas subnotificações prejudicam o desenvolvimento de políticas públicas que podem diminuir as tentativas de suicídio, pois distorcem dados oficiais, dificultam o planejamento de ações, inviabilizam a identificação de populações em risco, enfraquecem a conscientização social, mantêm o tabu em torno desse tema e atrapalham a abertura para falar sobre saúde mental”, explicou a coordenadora do Cais, psicóloga Soraya Suruagy.

A busca ativa faz parte da rotina de psicólogos e assistentes sociais que compõem o Cais.

Há casos que não são declaradamente informados como tentativa de suicídio e essa descoberta é feita ao longo do atendimento, por meio de abordagem de profissionais de várias áreas.

Por exemplo, uma pessoa é admitida por atropelamento, mas, no decorrer do tratamento, são observados sinais e sintomas que caracterizam transtornos mentais e indicam a suspeita da tentativa de suicídio.

“Por isso nós vamos leito a leito entender as histórias, em busca de identificar casos que podem esconder a tentativa de suicídio”.

“Para isso, além de conversar com o paciente, quando possível, nós dialogamos com os familiares e amigos para saber se há um histórico anterior de tentativa de suicídio, se o paciente apresentava algum sinal depressivo ou uma dor recente, ou alguma ideação suicida persistente etc.”, explicou a psicóloga Thaise Gonzaga.

Uma vez identificada a tentativa de suicídio, o Cais entra no caso complementando a assistência que já está sendo dada por médicos, enfermeiros, psicólogos, nutricionistas, assistentes sociais, farmacêuticos e tantos outros profissionais.

Nas visitas, além do diálogo com o paciente, diferentes articulações são iniciadas com outros órgãos e entidades que podem contribuir com os cuidados durante o internamento e após a alta hospitalar.

“Quando o paciente recebe alta, a nossa equipe continua com o acompanhamento, via celular, WhatsApp ou ligações, para saber o estado emocional dele, se está engajado em algum tratamento psicológico ou psiquiátrico, se está fazendo uso das medicações, se está precisando de um suporte psicológico e das nossas assistentes sociais, pois elas podem entrar em contato com a rede do município para motivar a continuidade da assistência”, acrescentou a psicóloga Íris Gomes.

Atenção aos sinais

Se você conhece alguém que fala com frequência sobre morte, declara frases como “queria desaparecer”, “não aguento mais viver” e “sou um peso para todos”, tente ouvir mais essa pessoa, sem julgamento e com mais acolhimento.

Observe se há sinais comportamentais (como isolamento social e perda de interesse em atividades que antes eram prazerosas) e emocionais (tristeza profunda, sentimento de culpa, falta de perspectiva de futuro etc.), ou até mesmo se em algum momento defende que a única saída dos problemas é a morte.

“Se você identificar alguém com sinais de que pode tentar o suicídio, é importante agir com seriedade, calma e acolhimento”.

“Mostre-se disponível, sem julgamentos; leve a sério qualquer sinal; ofereça o seu apoio imediato; incentive a procura por ajuda profissional; não o deixe sozinho; mantenha contato com a rede de apoio (família, amigos, comunidade, profissionais)”.

“São atitudes fundamentais que podem ajudar a reduzir o risco da busca pelo suicídio”, orientou a coordenadora do Cais.

Thallysson Alves / ASCOM HGE

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