O Exército brasileiro vai enviar 28 veículos blindados para a região da fronteira com a Venezuela após escalada de tensão relacionada à disputa entre Venezuela e Guiana pelo território de Essequibo — uma grande porção de terra, hoje sob administração guianense, que abriga grandes reservas de petróleo.
Segundo informações passadas ao blog por uma fonte do Alto Comando militar, os veículos deslocados serão:
O Guarani é uma viatura blindada de transporte de pessoal, anfíbia e com capacidade para transportar até 11 militares; possui proteção antiminas, sob as rodas, couraça e assentos individuais; e proteção balística composta de blindagem contra tiros de 7,62 mm e estilhaços de granadas de artilharia 155 mm.
A viatura tem peso bruto de 14,7 toneladas, motor blindado com potência de 383 cavalos e atinge uma velocidade máxima de até 100 km/h.
A VBR Cascavel foi fabricada na década de 1970 e possui como armamento principal um canhão 90 mm e como armamento secundário duas metralhadoras 7,62 mm, sendo uma antiaérea e outra coaxial ao canhão, possui ainda 6 lança-fumígenos.
Possui uma blindagem do tipo face endurecida que fornece proteção contra projétil perfurante 7,62mm à 100m (ângulo de 90º) e contra projétil comum 7,62mm à 50m (ângulo de 90º).
As viaturas blindadas multitarefa – leve sobre rodas (VBMT-LSR) 4X4 LMV-BR batizada foi “Guaicuru” em homenagem à tribo do Centro-Oeste brasileiro.
Reforço de tropa
Além dos equipamentos serão enviados de 130 a 150 homens que serão incorporados à 1ª Brigada de Infantaria de Selva, que tem cerca de 5 mil homens. Com isso, vão transformar um esquadrão da região em regimento.
O Exército já havia planejado reforçar a região, mas aproveitou a conjuntura envolvendo os vizinhos para dar mais infraestrutura para proteger as fronteiras e evitar que ocorra qualquer ação em território nacional.
Segundo a fonte militar, a estratégia é impedir que o território brasileiro seja usado indevidamente.
“A ideia é mandar mensagem de que nosso território não pode ser usado para nenhum tipo de operação”, disse.
As viaturas demoram até 21 dias para chegar ao destino.
Elas saem do Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul com destino a Belém e, de lá, pegam uma balsa do Exército pelo Rio Amazonas e vão até Manaus.
De Manaus, seguem para o norte, até Boa Vista, onde ficarão.
No domingo (4), a Venezuela organizou um referendo no qual 95% dos eleitores presentes votaram para que o país incorpore ao mapa venezuelano o território de Essequibo, uma região de fronteira entre os dois países que é disputada há mais de 100 anos.
O que acontece agora
O governo da Venezuela não é obrigado a executar o que determina o referendo, e ainda não está claro qual deverá ser a estratégia do regime chavista.
O que diz a Guiana
Bharrat Jagdeo, o vice-presidente da Guiana, afirmou em entrevista que está se preparando para o pior e que o governo está trabalhando com parceiros para reforçar a “a cooperação de defesa”. Jagdeo disse que, em conversas com outros presidentes, Maduro tem afirmado que não tem intenção de invadir a Guiana, mas o governo da Guiana não deve contar com as garantias de Maduro.
“Precisamos estar preparados, não podemos baixar a guarda ou ficarmos menos vigilantes. Os líderes venezuelanos já mostraram que são imprevisíveis e, portanto, estamos trabalhando com nossos parceiros para reforçarmos a cooperação de defesa para, caso aconteça o pior, possamos defender nosso país”, disse ele.
Julia Duailibi, Fábio Santos/G1, GloboNews