Impedido de se comunicar com Valdemar Costa Neto, presidente do PL, Jair Bolsonaro adaptará sua rotina para continuar frequentando a sede do partido, em Brasília, sem que seja preso por descumprir a determinação de Alexandre de Moraes, do STF.
Ambos planejam permanecer com o expediente no nono andar do edifício Brasil 21, a quatro quilômetros da Praça dos Três Poderes, sem que tenham contato.
Isso seria possível porque o PL tem duas salas no prédio. Uma do lado da outra. Para evitar um eventual esbarrão, Bolsonaro e Valdemar teriam que combinar os horários de entrada e saída do edifício, que é repleto de câmeras de segurança.
Antes que essa logística tenha início, advogados do ex-presidente e o dirigente querem se certificar de que não haverá brecha para interpretação de descumprimento da ordem judicial ou tentativa de obstruir as investigações, o que levaria ambos para trás das grades.
As defesas pleiteiam que Moraes reveja a proibição de contato entre os dois políticos. Em ano de eleições municipais, argumentam, a restrição afetaria de forma significativa o desempenho do PL.
Embora haja especulações sobre um pedido de prisão de Bolsonaro que estaria no forno, as duas hipóteses para detenção antes de julgamento são risco de fuga e tentativa de atrapalhar as investigações.
Do contrário, há de se esperar o indiciamento pela Polícia Federal, o parecer da Procuradoria-Geral da República e o julgamento pelo STF.
Alvo de busca e apreensão, Valdemar chegou a ser preso em flagrante por posse ilegal de arma de fogo e por portar uma pepita de ouro cuja procedência é investigada.
Moraes concedeu liberdade temporária ao dirigente.
Paulo Cappelli
