O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ficou em silêncio durante seu depoimento à Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira (22).
Ele ficou cerca de meia a hora na sede da PF em Brasília.
A PF apura uma suposta tentativa de golpe de Estado para mantê-lo à frente do Palácio do Planalto após a derrota nas eleições de 2022.
A investigação é baseada em vídeo, mensagens e documentos apresentados no rastro do acordo de delação premiada do ex-ajudante-de-ordens Mauro Cid.
A defesa do ex-presidente tentou por três vezes adiar o julgamento, mas o ministro Alexandre de Moraes, da Suprema Corte, negou os pedidos.
As oitivas são realizadas ao mesmo tempo, em salas separadas, em diversas partes do país, a fim de evitar que os investigados combinem versões.
Os depoimentos colhidos serão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de outras 23 pessoas no âmbito da investigação.
O ex-presidente chegou à PF no início da tarde e ficou apenas alguns minutos no local. Ele ficou em silêncio, conforme já tinha antecipado sua defesa.
“Esse silêncio não é só o uso constitucional do silêncio, mas uma estratégia baseada no fato de que a defesa não teve acesso a todos os elementos os quais estão sendo imputados pela prática de certos delitos”, disse o advogado Paulo Bueno, que representa Bolsonaro.
Bolsonaro já havia informado que ficaria em silêncio durante o depoimento.
O ex-presidente afirmou, em documento enviado ao STF, que só prestaria depoimento se seus advogados tivessem acesso ao processo.
No entanto, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e relator do caso, Alexandre de Moraes, respondeu que a defesa do ex-presidente já tem acesso ao material das investigações, à exceção do que não pode ser liberado, por integrar investigação em andamento ou ser fruto de delação premiada.
Por outro lado, o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, disse que vai depor e falar sua versão dos fatos aos investigadores.
Torres participa de oitiva na mesma data do ex-chefe.
Ele adotará a estratégia de dizer que não há crime em suas falas em reunião gravada em junho de 2022 e anexada às investigações.
Veja os investigados convocados para depor:
Brasília –
Jair Bolsonaro: ex-presidente
Augusto Heleno: general, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional
Braga Netto: general, ex-chefe da Casa Civil
Anderson Torres: delegado, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública
Paulo Sérgio Nogueira: general, ex-ministro da Defesa
Marcelo Câmara: coronel, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro
Marcelo Fernandes: ex-secretário-executivo da Secretaria-Geral
Cleverson Ney Magalhães: coronel, ex-oficial do Comando de Operações Terrestres
Almir Garnier: ex-comandante da Marinha
Valdemar Costa Neto: presidente do PL
Bernardo Romão: coronel do Exército
Bernardo Ferreira de Araújo Júnior
Ronaldo Ferreira de Araújo Junior
Ceará –
Estevam Theophilo: coronel do Exército
Rio de Janeiro –
Hélio Ferreira Lima
Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros
Ailton Gonçalves Moraes de Barros
Rafael Martins Oliveira: major, ex-integrante das Forças Especiais
São Paulo –
Amauri Feres Saad
José Eduardo de Oliveira
Paraná –
Filipe Garcia Martins: ex-assessor para Assuntos Internacionais da Presidência
Minas Gerais –
Éder Balbino
Mato Grosso do Sul –
Laércio Virgílio
Espírito Santo –
Ângelo Martins Denicoli
Bolsonaro, aliados e ex-integrantes de seu governo foram alvo da Operação Tempus Veritatis, no dia 8 de fevereiro, com o cumprimento de mandados de prisão temporária e busca e apreensão.
Eles são suspeitos de ter organizado uma tentativa de golpe no Brasil para reverter o resultado das eleições e a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
CNN; Manoela Alcântara, Mateus Salomão – Metrópoles