Bolsonaro deixa a PF após ficar em silêncio em depoimento

Depoimento faz parte da investigação sobre tentativa de golpe de Estado, baseada em delação premiada de assessor
Ex-presidente Jair Bolsonaro (PL): investigação é baseada em vídeo, mensagens e documentos apresentados no rastro do acordo de delação premiada do ex-ajudante de ordens Mauro Cid. (Foto: reprodução / Reuters / Ueslei Marcelino – 18/10/2023)

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ficou em silêncio durante seu depoimento à Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira (22).

Ele ficou cerca de meia a hora na sede da PF em Brasília.

A PF apura uma suposta tentativa de golpe de Estado para mantê-lo à frente do Palácio do Planalto após a derrota nas eleições de 2022.

A investigação é baseada em vídeo, mensagens e documentos apresentados no rastro do acordo de delação premiada do ex-ajudante-de-ordens Mauro Cid.

A defesa do ex-presidente tentou por três vezes adiar o julgamento, mas o ministro Alexandre de Moraes, da Suprema Corte, negou os pedidos.

As oitivas são realizadas ao mesmo tempo, em salas separadas, em diversas partes do país, a fim de evitar que os investigados combinem versões.

Os depoimentos colhidos serão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de outras 23 pessoas no âmbito da investigação.

O ex-presidente chegou à PF no início da tarde e ficou apenas alguns minutos no local. Ele ficou em silêncio, conforme já tinha antecipado sua defesa.

“Esse silêncio não é só o uso constitucional do silêncio, mas uma estratégia baseada no fato de que a defesa não teve acesso a todos os elementos os quais estão sendo imputados pela prática de certos delitos”, disse o advogado Paulo Bueno, que representa Bolsonaro.

Bolsonaro já havia informado que ficaria em silêncio durante o depoimento.

O ex-presidente afirmou, em documento enviado ao STF, que só prestaria depoimento se seus advogados tivessem acesso ao processo.

No entanto, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e relator do caso, Alexandre de Moraes, respondeu que a defesa do ex-presidente já tem acesso ao material das investigações, à exceção do que não pode ser liberado, por integrar investigação em andamento ou ser fruto de delação premiada.

Por outro lado, o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, disse que vai depor e falar sua versão dos fatos aos investigadores.

Torres participa de oitiva na mesma data do ex-chefe.

Ele adotará a estratégia de dizer que não há crime em suas falas em reunião gravada em junho de 2022 e anexada às investigações.

Veja os investigados convocados para depor:

Brasília –

Jair Bolsonaro: ex-presidente

Augusto Heleno: general, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional

Braga Netto: general, ex-chefe da Casa Civil

Anderson Torres: delegado, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública

Paulo Sérgio Nogueira: general, ex-ministro da Defesa

Marcelo Câmara: coronel, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro

Marcelo Fernandes: ex-secretário-executivo da Secretaria-Geral

Cleverson Ney Magalhães: coronel, ex-oficial do Comando de Operações Terrestres

Almir Garnier: ex-comandante da Marinha

Valdemar Costa Neto: presidente do PL

Bernardo Romão: coronel do Exército

Bernardo Ferreira de Araújo Júnior

Ronaldo Ferreira de Araújo Junior

Ceará –

Estevam Theophilo: coronel do Exército

Rio de Janeiro –

Hélio Ferreira Lima

⁠Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros

⁠Ailton Gonçalves Moraes de Barros

⁠Rafael Martins Oliveira: major, ex-integrante das Forças Especiais

São Paulo –

Amauri Feres Saad

⁠José Eduardo de Oliveira

Paraná –

Filipe Garcia Martins: ex-assessor para Assuntos Internacionais da Presidência

Minas Gerais –

Éder Balbino

Mato Grosso do Sul –

Laércio Virgílio

Espírito Santo –

Ângelo Martins Denicoli

Bolsonaro, aliados e ex-integrantes de seu governo foram alvo da Operação Tempus Veritatis, no dia 8 de fevereiro, com o cumprimento de mandados de prisão temporária e busca e apreensão.

Eles são suspeitos de ter organizado uma tentativa de golpe no Brasil para reverter o resultado das eleições e a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

CNN; Manoela Alcântara, Mateus Salomão – Metrópoles

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