Uma crise no Mar Vermelho está pondo em risco a economia mundial.
Navios que viajam por ali, rumo ao Canal de Suez, têm sido atacados por um grupo rebelde do Iêmen.
Os houthis apoiam o Hamas, no conflito contra Israel.
Grupo ligado ao Irã e que controla parte do Iêmen passou a bombardear cargueiros que partem de Israel ou com destino ao estado judaico, em “solidariedade” ao Hamas.
A República Islâmica do Irã e Israel são inimigos que representam uma ameaça existencial mútua, competem pela hegemonia regional e mantêm uma guerra encoberta com ataques cibernéticos, assassinatos e sabotagens.
O Irã lidera o chamado “eixo da resistência”, uma espécie de aliança informal composta pela Síria, pelo grupo xiita libanês Hisbolá, por facções palestinas, por milícias iraquianas e pelos rebeldes houthis do Iêmen, entre outros.
A guerra civil no Iêmen começou em 2014, quando a capital Sana foi tomada pelos rebeldes houthis, apoiados pelo Irã.
Desde 2015, uma coalizão liderada pela Arábia Saudita, aliada do governo internacionalmente reconhecido do Iêmen, combate os houthis, temendo um conflito em seu território.
Como parte dessa tensão, navios eram atacados esporadicamente na região, onde também atuam piratas da Somália.
Mas, com o início do atual conflito entre Israel e o Hamas, os ataques a cargueiros aumentaram de forma exponencial, gerando preocupação mundial.
Os houthis juraram atacar todos os navios que passarem pelo Mar Vermelho, em direção ao estado judaico.
Recentemente, várias embarcações, de diferentes bandeiras, foram atacadas na região, sobretudo por drones.
A importância da rota está em ser a ligação mais rápida entre a Ásia e a Europa, sendo essencial para o transporte mundial de petróleo e bens de consumo.
Dez por cento de todo o comércio marítimo global passa pelo Canal de Suez e pelo Mar Vermelho, assim como um quinto (20%) de todo o volume de contêiners.
Após semanas de ataques, algumas das maiores companhias marítimas do mundo suspenderam viagens pela rota.
Nas últimas semanas, pelo menos quinze grandes empresas de transporte naval suspenderam suas rotas pelo Mar Vermelho, temendo ataques.
Uma gigante petrolífera também tirou seus navios dali.
Toda essa tensão pode causar uma crise na cadeia de abastecimento e prejudicar o comércio global.
As consequências devem ser sentidas pela população de vários países.
Ao mudar o trajeto, os cargueiros terão que dar voltas maiores.
No caminho entre a Ásia e o Mediterrâneo, por exemplo, ao deixar de passar pelo trecho Mar Vermelho-Canal de Suez, a navegação gastará mais 41 dias de viagem para contornar todo o continente africano.
A movimentação pode aumentar o preço das matérias-primas transportadas.
O resultado é o que os especialistas classificam de efeito cascata na economia.
Erika Kokay – DW Brasil; portal Terra – citando DW Brasil