As brigas do Journey: do nome a hits, cartão de crédito e até Donald Trump

Dono do sucesso “Don't Stop Believin”, grupo toca neste domingo (15) no Palco Mundo, no Rock in Rio; tretas entre atuais integrantes e ex-membros
Formação clássica do Journey nos anos 1980: apresentação será festa mais para os fãs do que para os músicos, pelas desavenças entre os integrantes. (Foto: reprodução / Divulgação / Facebook da banda)

Dono do sucesso “Don’t Stop Believin'”, o grupo dos EUA Journey tocará na 40ª edição do Rock in Rio, no dia neste domingo (15) no Palco Mundo.

O show vai celebrar os 50 anos da banda.

A festa, porém, será mais para os fãs do que para os músicos, porque os integrantes acumulam tretas entre si.

Os principais briguentos são o guitarrista Neal Schon e o tecladista Jonathan Cain.

Até o mês passado, os dois moviam processos um contra o outro, mesmo fazendo parte da atual formação do Journey.

A animosidade na banda é tão frequente que já se tornou parte da rotina. São tantas histórias de desentendimento entre os membros que, em um dos casos, os rivais Schon e Cain são até aliados.

A jornada do nome Journey

Em 2020, o baterista Steve Smith e o baixista Ross Valory foram expulsos da banda.

Eles foram acusados pelo guitarrista e pelo tecladista de terem planejado um golpe contra o Journey.

Em uma ação movida em um tribunal da Califórnia em 2020, Schon e Cain alegaram que Smith e Valory planejavam “assumir o controle de uma das entidades corporativas da banda, a Nightmare Productions”.

A ideia seria obter “pagamentos de milhões de dólares para sua previdência”.

Baterista e baixista negaram as acusações. “Provavelmente é um mal-entendido e poderia facilmente ter sido resolvido”, disse Andrew Spielberger, advogado da Valory, à revista “Rolling Stone”. Skip Miller, advogado de Schon e Cain, disse que seus clientes iriam substituir os músicos acusados.

E assim foi feito.

Eles foram expulsos e entraram Todd Jensen (baixo) e Deen Castronovo (bateria). Em 2021, foi anunciado um “acordo amigável” sobre o caso.

Cartão de crédito

Em uma ação de setembro de 2022, o guitarrista Schon acusou o tecladista Cain de lhe impedir de acessar dados do cartão de crédito da banda.

O tecladista negou e acusou Schon de gastar indevidamente o dinheiro do grupo.

“Neal [Schon] tem estado sob enorme pressão financeira devido a seus gastos excessivos e seu estilo de vida extravagante, o que o levou a acumular enormes despesas pessoais na conta do cartão de crédito da banda”, disse Cain à revista “Billboard”.

O caso só ganhou uma solução no fim de agosto de 2024, quando o Tribunal de Chancelaria de Delaware nomeou um terceiro diretor para administrar a Freedom 2020, empresa de turnês do Journey.

O novo acordo foi importante para a banda seguir em turnê.

Steve Perry

Em setembro de 2022, Steve Perry — cantor que deixou a banda em 1998 — processou seus antigos colegas.

Era uma tentativa de impedi-los de lucrar com marcas registradas de produtos que tenham nomes de algumas faixas do Journey, incluindo os hits “Anyway You Want It”, “Wheel In The Sky” e “Open Arms”.

Perry acusou Schon e Cain de terem cometido “fraude em um escritório de marcas registradas” da banda. No início de 2023, porém, o cantor recuou e retirou o processo contra os ex-colegas.

Donald Trump

Também em 2022, Cain causou conflito na banda ao tocar o hit “Don’t Stop Believin'” num evento com a presença dos políticos republicanos Donald Trump, Marjorie Taylor Greene, Kimberly Guilfoyle e Kari Lake.

A apresentação incomodou Schon, que contratou um advogado para notificar o colega.

“Embora o Sr. Cain seja livre para expressar suas crenças e associações pessoais, quando ele faz isso em nome do Journey ou para a banda, tal conduta é extremamente prejudicial à marca Journey, pois polariza os fãs e o alcance da banda”.

“O Journey não é, e não deveria ser, político”, dizia a carta do advogado.

Em resposta, Cain disse:

“Neal Schon deveria se olhar no espelho quando me acusa de causar danos à marca Journey”.

“Eu o vi danificar nossa marca por anos e sou vítima do comportamento bizarro dele”.

Marina Lourenço

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