Aliados cogitam secretaria estadual para blindagem a Eduardo Bolsonaro

Proposta chegou informalmente ao Supremo Tribunal Federal (STF) e surpreendeu ministros; deputado é investigado por suspeita de coação à Justiça
Eduardo Bolsonaro: o pedido de licença deve ser formalizado, autorizado pelo presidente da Câmara e lido em plenário; se afastamento for superior a 120 dias suplente é convocado – mas, o deputado licenciado não perde o foro privilegiado; a proposta foi considerada um absurdo por, nas palavras de um ministro ouvido pelo blog (responsável pela reportagem), visar a dar proteção a alguém que tem um acerto de contas próximo com a Justiça, inclusive com possibilidade de ser preso. (Foto: reprodução)

Aliados de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) cogitam conseguir para ele um cargo de secretário estadual para que ele possa manter o mandato de deputado federal mesmo após o fim da licença de 120 dias obtida por ele ao se mudar para os Estados Unidos.

O Regimento Interno da Câmara dos Deputados permite que parlamentares se licenciem para assumir cargos no Executivo, como o de secretário estadual.

Nesses casos, o deputado não perde o mandato, apenas se afasta temporariamente de suas funções legislativas e é substituído por um suplente do partido ou coligação.

O pedido de licença deve ser formalizado, autorizado pelo presidente da Câmara, atualmente Hugo Motta (Republicanos-PB), e lido em plenário.

Se o afastamento for superior a 120 dias, o suplente é convocado para assumir a vaga.

O deputado licenciado não perde o foro privilegiado.

A proposta chegou até o Supremo Tribunal Federal (STF) e deixou quem a ouviu atônito.

Segundo fontes da Corte, a consulta foi feita para uma vaga no governo do Rio de Janeiro.

A medida foi considerada um absurdo por, nas palavras de um ministro ouvido pelo blog, visar a dar proteção a alguém que tem um acerto de contas próximo com a Justiça, inclusive com possibilidade de ser preso.

Eduardo Bolsonaro é investigado por coação

Eduardo é alvo de um inquérito por suspeita de coação no curso do processo por, supostamente, articular sanções dos Estados Unidos contra o Brasil em razão do julgamento do pai, Jair Bolsonaro (PL), por tentativa de golpe de Estado para se manter no poder mesmo com a derrota para Lula (PT) na eleição de 2022.

Coação no curso do processo ocorre quando a pessoa usa “violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral”.

A pena é de prisão de um a quatro anos, além de multa.

Segundo o relato ouvido pelo blog, os aliados de Eduardo foram alertados de que nomeá-lo secretário equivaleria a contratar um problema penal por parte do governador que o fizer.

E lembraram ao blog do caso de Anderson Torres. Em 2022, o STF foi consultado por Ibaneis Rocha, governador do Distrito Federal, sobre a contratação do ex-ministro da Justiça. Rocha ouviu que seria um problema, mas seguiu adiante e nomeou Torres secretário de Segurança Pública.

Torres acabou preso após os atos de 8 de janeiro e Ibaneis, afastado por 90 dias pela Corte.

Andréia Sadi — Apresentadora do Estúdio i, na GloboNews / São Paulo

Leia também