Ainda sobre correr – no sentido metafórico e literal

"São cinco anos de expectativas, diversas denúncias graves de crimes falimentares (compra de votos, retirada de verbas por sócio no meio da Recuperação Judicial)", diz jornalista
Participante da corrida promovida pela Organização Arnon de Mello observa uma das faixas levadas por credores trabalhistas, que promoveram uma manifestação silenciosa: além das já mencionadas irregularidades até no processo em que empresas de Collor tentam fugir da falência, houve “ligações e áudios duvidosos para credores trabalhistas, com mentiras deslavadas, pressão psicológica intensa, assédio pra ... em meio ao endividamento e empobrecimento da parte menos favorecida dessa relação já assimétrica”. (Foto: reprodução)

O espaço reproduz texto de autoria da jornalista Wanessa Oliveira, do portal Mídia Caeté, sobre o evento promovido pela Organização Arnon de Mello, no último domingo (29).

Na corrida, promovida pelo grupo de empresas de Collor, um grupo de credores trabalhistas realizou um protesto silencioso: com duas faixas, que portaram durante a parte adulta do evento, na rua, respeitando o espaço dos corredores.

Numa, cobraram mais uma vez do Ministério Público que se manifeste acerca das denúncias de crimes no processo.

Na próxima sexta-feira (11), completar-se-ão dois anos que o Ministério Público de Alagoas ficou de adotar providências sobre situações que ele mesmo – Ministério Público – havia constatado.

Como a instauração de inquérito policial para investigar possíveis crimes falimentares.

Mas, afinal, quem vai investigar as empresas de Collor? Não é mesmo?

E até hoje, nada foi feito.

Na outra faixa, faziam a analogia, numa metáfora entre o cunho do evento – correr – e a postura das empresas de “correr” – se abster – de suas obrigações: pagar a credores.

Não se trata de nenhum privilégio; é a lei.

Segue o texto da jornalista Wanessa Oliveira:

A Braskem, por anos, realizava “corridas ecológicas” grandiosas, as Ecorun.

Quem lembra? Enquanto isso, no subsolo maceioense, provocava o maior crime socioambiental em curso.

O que não se cria, se “refunde” – como lamentavelmente aprendemos nos estágios das redações produtivistas.

E a Organização Arnon de Mello e seu sócio majoritário, Fernando Collor de Mello, refundem bem.

No aspecto jurídico e trabalhista, aproveitou intensamente a atrocidade da reforma trabalhista e todas as lacunas deixadas pelo desconhecimento, desleixo, e pelos conluios políticos que permeiam os casos de recuperação judicial no país e – notadamente – em Alagoas.

São cinco anos de expectativas, diversas denúncias graves de crimes falimentares (compra de votos, retirada de verbas por sócio no meio da Recuperação Judicial), impedimento de falas durante assembleia de credores, ligações e áudios duvidosos para credores trabalhistas, com mentiras deslavadas, pressão psicológica intensa, assédio pra … em meio ao endividamento e empobrecimento da parte menos favorecida dessa relação já assimétrica.

Ah! Em meio a uma pandemia também!

No meio de tudo, vem o escândalo de corrupção de Collor e a posterior tentativa da Globo de bater em retirada.

Escândalo sobre escândalo, vem a necessidade de achar mais uma solução.

Seja original, seja refundida.

Pois então: quer limpar a barra da sua empresa? Faça um evento! Que tal uma corrida?

Todo mundo vive correndo, de qualquer jeito.

Uns correm atrás de direitos.

Outros, como Fernando Collor de Mello, correm para fugir de obrigações trabalhistas.

Alguns correm aleatórios a tudo, porque – bem – tanto faz. Não é comigo, né?

Pois aqui do subsolo trabalhista, a violação continua e ninguém tem muito o que celebrar ou farrear.

É inevitável a sensação de cumplicidade também dos que o fazem.

E, sim, é amargura mesmo, de quem não se dobra.

Fico feliz de estar exatamente deste lado!

Quanto a Collor, se esquive o quanto puder e continue correndo e fugindo assim. Já já tu tropeça na própria carreira.

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