Dois dos presos na operação “Última Milha” sugeriram até um tiro de fuzil contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Esse detalhe consta no relatório da Polícia Federal sobre o suposto esquema de espionagem ilegal que utilizada a estrutura da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
Nesta quinta-feira (11), a corporação cumpriu cinco mandados de prisão e sete de busca e apreensão.
As mensagens interceptadas são de agosto de 2021.
Elas foram trocadas entre o policial federal Marcelo Bormevet (ex-assessor do ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem) e Giancarlos Rodrigues.
“Tá ficando foda isso. Esse careca tá merecendo algo a mais”, diz um deles.
“Só 7.62”, responde o outro, em alusão ao calibre de bala utilizada em fuzil.
“Head shot”, replica o primeiro.
Bormevet e Giancarlos foram presos nesta quinta.
A operação foi batizada de “Última Milha”, em referência ao software FirstMile, que teria sido usado ilegalmente para espionar políticos, autoridades e jornalistas.
Nesta nova fase, os policiais federais cumpriram cinco mandados de prisão preventiva e sete mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília (DF), Curitiba (PR), Juiz de Fora (MG), Salvador (BA) e São Paulo (SP).
O foco das investigações agora está nos membros que faziam parte do chamado “gabinete do ódio” – nome dado a um grupo de assessores de Jair Bolsonaro que atuavam no Palácio do Planalto como uma espécie de milícia digital, coordenando ataques direcionados a adversários do ex-presidente.
Nesta fase, as investigações revelaram que membros dos Três Poderes e jornalistas foram alvos de ações do grupo, incluindo a criação de perfis falsos e a divulgação de informações sabidamente falsas.
A organização criminosa, segundo atribui a Polícia Federal, também usou a estrutura da Abin para acessar ilegalmente computadores, aparelhos de telefonia e infraestrutura de telecomunicações para monitorar pessoas e agentes públicos.
Renan Melo Xavier