A reintrodução do Mutum-de-alagoas, declarada extinta na década de 1980

Retorno ao seu habitat da ave-símbolo do estado mobiliza do poder público à iniciativa privada – de Alagoas e outros estados
Reintrodução do Mutum-de-alagoas é um marco na fauna brasileira e um compromisso com as futuras gerações: “o Mutum-de-alagoas só existia no litoral sul de Alagoas, no trecho entre Maceió e Coruripe, na parte da mata que existia próximo à praia e já era raro por natureza; como a Mata Atlântica diminuiu assustadoramente, isso fez com que reduzissem muito as áreas de habitat dele”, disse Fernando Pinto, presidente do Instituto para Preservação da Mata Atlântica. (Foto: reprodução / ASCOM IMA)

O Mutum-de-alagoas (Pauxi mitu), ave símbolo do estado, é uma espécie endêmica da Mata Atlântica de Alagoas e foi declarada extinta na natureza em meados da década de 1980.

Atualmente, o Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA) participa do Plano de Ação Estadual, que conta com a colaboração de outros órgãos, como o Instituto para Preservação da Mata Atlântica (IPMA), e é promovido pelo Ministério Público Estadual (MPE).

O objetivo é reintroduzir a espécie em seu habitat natural e garantir sua sobrevivência no Estado.

O projeto de reintrodução conta ainda com a colaboração da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (SEMARH), Batalhão de Polícia Ambiental (BPA), Centro Universitário CESMAC, Projeto Arca (USP/UFSCAR), Sociedade de Pesquisa do Manejo e da Reprodução da Fauna Silvestre (CRAX) e empresas parceiras, como as Usinas Utinga e Coruripe.

Para o diretor-presidente do IMA, Gustavo Lopes, a reintrodução do Mutum-de-alagoas é um marco na fauna brasileira e um compromisso com as futuras gerações.

Afinal, essa espécie representa um patrimônio ambiental para Alagoas e para todo o país.

“Nosso trabalho, em conjunto com diversas instituições e parceiros, busca não apenas reintroduzir esses animais ao habitat natural, mas também sensibilizar a sociedade sobre a importância da preservação da biodiversidade”.

“Proteger o Mutum significa proteger a Mata Atlântica e todos os ecossistemas interligados a ela”, destaca Lopes.

Até o momento, o IPMA conta com um casal de Mutuns.

Para garantir o bem-estar das aves, os recintos são projetados para simular ao máximo o ambiente natural da Mata Atlântica.

“O Mutum-de-alagoas só existia no litoral sul de Alagoas, no trecho entre Maceió e Coruripe, na parte da mata que existia próximo à praia”.

“Ele já era raro por natureza”.

“E como a Mata Atlântica diminuiu assustadoramente, isso fez com que reduzissem muito as áreas de habitat dele, restando apenas pequenos fragmentos”, conta Fernando Pinto, presidente do Instituto para Preservação da Mata Atlântica.

A reintrodução da espécie requer não apenas esforços logísticos, mas também um ambiente adequado e seguro, além de um manejo técnico criterioso.

É nesse contexto que o papel das instituições participantes se torna essencial para o sucesso da ação.

Segundo Rafael Cordeiro, médico veterinário do IMA, o Plano de Ação Estadual de Conservação do Mutum-de-alagoas segue avançando para concretizar uma nova soltura em Alagoas.

Esse processo envolve um planejamento cuidadoso, que inclui monitoramento ambiental, avaliação das áreas de soltura e a colaboração de diversas instituições comprometidas com a preservação da fauna.

“O IMA faz parte do grupo gestor desse projeto e estamos trabalhando para garantir o sucesso da reintrodução da espécie”.

“O criadouro de onde virão os Mutuns virão fica em Minas Gerais, e contamos com o apoio de diversas entidades para que essa ação ocorra da melhor forma possível”, explica Cordeiro.

Histórico da espécie

O trabalho de conservação do Mutum-de-alagoas teve início quando seis exemplares foram levados ao Criadouro Científico Pedro Nardelli, no Rio de Janeiro, onde um programa de reprodução foi iniciado.

Posteriormente, com o encerramento do criadouro, os animais foram transferidos para Minas Gerais e passaram a ser manejados nos Criadouros Científicos Poços de Caldas e CRAX do Brasil.

Com o passar dos anos, o número de exemplares em cativeiro ultrapassou 200 indivíduos, garantindo a viabilidade da reintrodução na natureza.

A iniciativa reforça o papel do IMA na articulação de políticas públicas voltadas à conservação da fauna e ao manejo responsável de espécies ameaçadas.

O trabalho conjunto entre órgãos ambientais, setor acadêmico e iniciativa privada mostra que a recuperação do Mutum-de-alagoas é resultado de planejamento técnico, cooperação e comprometimento com a conservação baseada em evidências científicas.

ASCOM IMA

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