O espaço trouxe, nessa quinta-feira (16), material sobre a crise para a América do Sul que toma corpo a pretensão da Venezuela de incorporar uma área de nada menos que cerca de três quartos da Guiana.
Para dar seguimento à análise e contextualização para nosso internauta, trazemos, hoje, texto de Ariel Palacios (correspondente da GloboNews em Buenos Aires) sobre o componente mais histórico desse processo.
Segue, na íntegra, texto da postagem sobre o caso:
O governo da Guiana fez um pedido à Corte Internacional de Justiça, para que peça ao regime de Nicolás Maduro, na Venezuela, que detenha o referendo que será feito dia 3 de dezembro sobre a região de Esequibo, que está na Guiana. Nessa consulta Maduro perguntará aos cidadãos se respaldam – ou não – a antiga reivindicação da Venezuela sobre a região de Esquibo, na vizinha e pequena Guiana.
A Guiana alega que o referendo é uma “ameaça existencial” ao país, e que foi preparado para abrir caminho para anexar grande parte dessa pequena nação.
A Venezuela exige 74,21% do território da Guiana. Essa área agora tem um imenso potencial devido às reservas de 11 bilhões de barris de petróleo, descoberto recentemente.
O território exigido, denominado de “Guiana Esequiba”, estava dentro da área da Capitania Geral da Venezuela durante a colonização espanhola. Mas essa área que terminava teoricamente nas margens do rio Esequibo, nunca foi colonizada pela capitania, cuja capital estava em Caracas. Em 1814, a Grã-Bretanha tomou posse dos territórios ao leste e oeste do rio Esequibo, formando a Guiana Inglesa.
Em 1966 a Guiana tornou-se independente.
Hugo Chávez, fundador do Chavismo e antecessor de Maduro, praticamente havia evitado o assunto. Maduro também havia esquivado a reivindicação, na contramão dos partidos da oposição, que nunca deixaram de insistir no assunto e acusavam Maduro de traidor por não falar quase do assunto. Maduro então decidiu mostrar-se mais nacionalista que a oposição convocando este referendo.
O secretário-geral da OEA, Luis Almagro, acusou Maduro de provocar a Guiana. A oposição venezuelana, costumeira aliada de Almagro, disse ao secretário-geral para não interferir no assunto. Desta forma, Maduro conseguiu unir chavistas e opositores pela 1ª vez!
Isso recorda a aventura suicida em 1982 do então ditador argentino Leopoldo Galtieri, que invadiu as Malvinas para distrair a atenção, unindo quase todos os setores políticos na ação de expandir a ditadura ao gélido arquipélago.
O presidente da Guiana, Irfaan Ali, diz que não cederá nem uma polegada sequer de sua nação.
Com texto de Ariel Palacios