O aposentado Márcio Resende, anfitrião de uma reunião supostamente golpista entre militares em um salão de festas, em Brasília, silenciou na segunda-feira (18) quando foi questionado pela coluna (responsável por esta reportagem) no local.
Resende é pai do coronel Márcio Resende Júnior, que participou do encontro investigado pela Polícia Federal (PF).
A reunião foi citada pela PF em seis depoimentos de militares e um ex-assessor de Jair Bolsonaro na investigação de uma articulação golpista no governo Bolsonaro.
A reportagem foi ao prédio na tarde dessa segunda-feira (18).
Por interfone, Márcio Resende avisou à portaria que “não falaria com ninguém”.
O evento aconteceu em 28 de novembro de 2022, num salão de festas da Quadra 305 da Asa Norte, a cinco quilômetros da Praça dos Três Poderes.
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, participou do encontro com outros militares do Exército, segundo a PF.
A corporação suspeita que a reunião serviu para o grupo elaborar uma carta pressionando o comandante do Exército por um golpe de Estado após a vitória de Lula na eleição.
A “Carta ao Comandante do Exército de Oficiais Superiores da Ativa do Exército Brasileiro” foi enviada para o celular de Cid pelo coronel Bernardo Romão, outro presente no encontro, na noite daquele dia 28 de novembro de 2022.
“Covardia, injustiça e fraqueza são os atributos mais abominados para um soldado”, dizia o texto golpista.
“Nossa nação, aquela que entrega os maiores índices de confiança às Forças Armadas, sabe que seus militares não a abandonarão”, enfatizava.
Outro militar que admitiu à PF ter participado do encontro no salão de festas foi o coronel Cleverson Ney Magalhães.
Magalhães era assistente do general Estevam Theophilo, do Comando de Operações Terrestres, que é suspeito de apoiar o plano golpista.
Cid afirmou em mensagens apreendidas pelos investigadores que a presença de Magalhães era “a mais importante”.
O coronel Márcio Resende Júnior também estava na reunião ocorrida em salão de festas da Quadra 305 da Asa Norte.
Segundo Magalhães relatou à PF, Resende Júnior era o anfitrião, uma vez que seu pai, Márcio Resende, mora naquele prédio.
Além de Magalhães e Romão, a PF citou a reunião nos depoimentos do general Theophilo, o tenente-coronel Guilherme Marques Almeida, o tenente-coronel Sergio Ricardo Cavaliere e Tercio Arnaud, ex-assessor de Jair Bolsonaro no Planalto e atual funcionário de Bolsonaro no PL.
Eduardo Barretto — Coluna Guilherme Amado — Metrópoles