Reproduzimos abaixo trechos de comentários do jurista Wálter Maierovitch, colunista do portal UOL, sobre um fato que poderia parecer pitoresco, risível até – não fosse um escárnio, para com o próprio Judiciário.
Do que se trata?
O título da matéria com a reunião dos comentários do jurista é autoexplicativo.
“Maierovitch: Collor vai à posse de Dino como se STF não o tivesse condenado” (Colaboração para o UOL, em São Paulo).
Haverão de colocar, de modo bem pertinente, aliás: ah, mas, se trata de um ex-presidente da República, que não deve ter ido de penetra.
O cerimonial do Supremo Tribunal Federal (STF) deve ter feito o convite, como o faz a autoridades e ex-ocupantes de certos cargos.
Mas, justamente por essa condição, ele deveria se portar de maneira condizente, em vez de ter se envolvido no esquema pelo qual foi condenado no STF, assim como com as irregularidades já identificadas por autoridades de Alagoas no processo em que suas empresas tentam evitar a falência.
Ante a condenação, caberia alegar — mesmo com o convite — que não estaria à vontade.
Tendo ido, a explicação bem pode vir da conclusão do colunista do UOL: cara de pau.
Seguem trechos da reportagem, com os comentários do juiz aposentado.
“O ex-presidente da República Fernando Collor de Mello (PRD-AL) foi à posse do novo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Flávio Dino como se ele não tivesse sido condenado por corrupção pelo próprio Supremo, apontou o jurista e colunista do UOL Wálter Maierovitch durante o UOL News desta quinta-feira (22)”.
“[Ele] Estava lá na maior cara dura, uma cara duríssima incrível, [o ex-presidente da República] Fernando Collor de Mello, condenado pelo STF por corrupção”.
Wálter Maierovitch, colunista do UOL
“O Collor estava lá, como se não tivesse sido condenado pelo próprio Supremo e por crime grave. Porque a corrupção afeta, atenta a democracia. Lutar contra a corrupção deve fazer todo o democrata, porque afeta o poder, o Estado de Direito”.
Wálter Maierovitch, colunista do UOL
“Fernando Collor de Mello estava lá, foi saudado como também o chefe da banda. Mas, os capinhas, que são os que mais trabalham no Supremo, os que carregam os processos, não foram objeto de saudação. Uma injustiça, né?!”
Wálter Maierovitch, colunista do UOL
Maierovitch diz que o ex-presidente ganhou tempo quando o ministro Dias Toffoli pediu vista em julgamento que pode levar Collor à prisão.
Ele entrou com embargos de declaração para não ser preso, para ganhar um tempinho. Talvez para arrumar a mala, alguma coisa assim.
Wálter Maierovitch, colunista do UOL
Olha ele aí de novo, para a surpresa quando se esperava a expedição de um mandado de prisão, o Toffoli pede vista e dá um tempinho a mais de liberdade para o Collor de Mello. Poderá também deixar isso na gaveta e não levar à próxima sessão, o que vai ser vergonhoso.
Wálter Maierovitch, colunista do UOL
O jurista aproveitou para falar que espera que o novo ministro do STF Flávio Dino seja imparcial e não julgue casos que ele seja suspeito de julgamento.
Flávio Dino foi um juiz federal concursado, não entrou pela porta dos fundos, entrou em primeiro lugar em concurso público. Foi um excepcional juiz, muito bom e deixou até saudades porque saiu. Saiu para a política onde virou deputado, senador, voltou pro conselho nacional da magistratura e virou senador. Agora volta para ser juiz.
Wálter Maierovitch, colunista do UOL
Espero que ele readquira a embocadura de juiz, ou seja, essa volta dele da magistratura que ele levante a bandeira da imparcialidade, em um momento em que o Supremo Tribunal Federal, segundo pesquisa da Intel na semana passada, 51% da população não está satisfeita com o STF, entende que há falta de imparcialidade.
Wálter Maierovitch, colunista do UOL
“[Cerca] de 41% aprovam. O que que isso é importante? Que o Supremo está em descrédito em razão de um ponto: a falta de imparcialidade em alguns casos. […] Imparcialidade é tudo na Justiça”.
Wálter Maierovitch, colunista do UOL