O espaço reproduz texto de blog sobre a ideia recente dos vereadores de Maceió
Título do editorial: “O dia das vítimas da hipocrisia política em Maceió; Maceió precisa de soluções, não de distrações”
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⸺ LEGENDA ⸺ Como lembra o editorial publicado no portal 082Notícias, “Maceió nunca viveu sob um regime comunista, não há vítimas do comunismo na história local, e não há nenhum impacto desse tema na vida cotidiana dos maceioenses” – vítimas há de problemas como este, retratado na imagem (a mesma que ilustra a publicação). (Foto: reproduç;ao)
⸺ FONTE ⸺ (—) Por Dilson Ferreira* e Neirevane Nunes** (*É arquiteto urbanista / **É bióloga)
⸺ INSTAGRAM / TWITTER ⸺
O espaço reproduz texto publicado em blog do historiador e jornalista Geraldo Magela (082Notícias).
Intitulado “O dia das vítimas da hipocrisia política em Maceió”, com o subtítulo “Maceió precisa de soluções, não de distrações”, o texto, de autoria do arquiteto urbanista Dilson Ferreira e da bióloga Neirevane Nunes, foi publicado a propósito da aprovação, pela Câmara Municipal, de mais uma das contribuições ao avesso para evolução da cidade e melhoria de vida do cidadão.
E que, de tão esdrúxula, nem sequer para o debate serve.
Afinal, se desperta algum, agora, logo – espera-se – estará fadado ao esquecimento.
O editorial foi publicado a propósito da instituição do “Dia Municipal em Memória das Vítimas do Comunismo”.
Como bem lembram os dois subescritores do texto, lideranças de movimentos pela reparação das vítimas dos bairros atingidos pelo crime ambiental cometido pela Braskem, “Maceió nunca viveu sob um regime comunista, não há vítimas do comunismo na história local, e não há nenhum impacto desse tema na vida cotidiana dos maceioenses”.
Há, por outro lado, na história local, os nomes de Jayme Miranda e Gastone Beltrão, vítimas dos anos de chumbo.
Como, de resto, há por todo o Brasil.
A diferença é que, aqui, as oligarquias que apoiaram a ditadura militar instalada a partir do golpe de 64 se mantiveram fortes, enquanto setores progressistas ainda não se recompuseram.
A confirmar, as homenagens já prestadas pela própria Câmara e outros espaços diretivos de algum dos Poderes constituídos.
Mas, se a população elege seus representantes em diferentes âmbitos, aprova suas condutas.
Segue o texto publicado no blog 082Notícias:
Por Dilson Ferreira* e Neirevane Nunes** (*É arquiteto urbanista / **É bióloga)
Enquanto Maceió enfrenta o maior desastre ambiental urbano do Brasil, com 60 mil vítimas da Braskem, bairros destruídos e um cenário de abandono urbano, alguns vereadores da Câmara Municipal preferem gastar tempo com pautas ideológicas ineficazes. A mais recente dessas distrações foi a aprovação do “Dia Municipal em Memória das Vítimas do Comunismo”.
A pergunta é direta: essa lei melhora a vida dos maceioenses de forma efetiva?
A cidade tem desafios concretos e urgentes: famílias sem casa, bairros afundando, trânsito caótico, falta de planejamento urbano, degradação ambiental e abandono do centro histórico. Mas, em vez de propor políticas públicas efetivas, alguns vereadores optam por leis simbólicas, sem impacto real, apenas para gerar polêmicas e reforçar disputas ideológicas vazias.
Na prática, para nós maceioenses, todo dia é o Dia das Vítimas da Hipocrisia Política, que permeia as nossas casas e define o abandono da cidade. O reflexo disso está nas ruas esburacadas, na falta de transporte público digno, no crescimento desordenado e na ausência de um plano real para os bairros destruídos pela Braskem. E essa hipocrisia tem rosto, tem nome e é representada por alguns políticos que fazem de tudo, menos legislar para melhorar a vida da população.
Os desafios reais de Maceió exigem soluções eficientes
Maceió precisa de políticas públicas efetivas, planejamento urbano sério e medidas que trazem resultados concretos. Vamos aos fatos:
- A Tragédia da Braskem e a Falta de Respostas
– Mais de 60 mil pessoas perderam suas casas, e até hoje não há um plano efetivo para a recuperação das áreas de subsidência.
– Bairros inteiros foram destruídos, e não existe um plano integrado de realocação, indenização e requalificação das áreas atingidas.
– O impacto ambiental e econômico da tragédia continua ignorado, enquanto as indenizações seguem lentas e sem transparência. Os Flexais continuam isolados.
- Falta de Planejamento Urbano
– O Plano Diretor está desatualizado, e a cidade cresce de forma desordenada, sem diretrizes claras para ocupação do solo.
– A mobilidade urbana está em colapso, sem transporte público eficiente, sem ciclovias conectadas e sem soluções efetivas para o trânsito.
– Não há um Plano de Arborização Urbana, e o desmatamento avança sem controle, aumentando as ilhas de calor e degradando o meio ambiente.
– O centro histórico segue abandonado, sem projetos concretos para revitalização e preservação do patrimônio.
- Infraestrutura e qualidade de vida
– O saneamento básico não é aplicado corretamente, e bairros inteiros vivem com esgoto a céu aberto.
– O Código de Urbanismo e o Código Ambiental estão ultrapassados, permitindo irregularidades e facilitando a degradação ambiental.
– A cidade carece de um plano de segurança urbana efetivo, deixando espaços públicos inseguros e mal iluminados.
– A acessibilidade continua precária, dificultando a locomoção de idosos e pessoas com deficiência.
E, diante desse cenário crítico, alguns vereadores acreditam que a prioridade da cidade é criar um dia simbólico para debater um tema sem qualquer relevância local.
O “Dia das Vítimas do Comunismo” não passa de uma manobra política ineficiente
A criação desse dia municipal não tem qualquer justificativa dentro da realidade maceioense. Maceió nunca viveu sob um regime comunista, não há vítimas do comunismo na história local, e não há nenhum impacto desse tema na vida cotidiana dos maceioenses.
A real intenção dessa proposta não é resolver problemas, mas alimentar um conflito ideológico artificial e desviar a atenção das questões reais da cidade. Enquanto milhares de pessoas seguem desabrigadas devido à Braskem, enquanto o trânsito piora a cada dia e enquanto o centro histórico se deteriora, parte da Câmara Municipal gasta tempo e energia em um projeto que não muda nada na vida de ninguém.
Se a preocupação fosse com vítimas, onde está o “Dia Municipal em Memória das Vítimas da Braskem”? Onde estão as propostas para recuperar os bairros afetados? Onde está a pressão para garantir justiça aos moradores desalojados?
Além disso, esse tipo de projeto não agrega nada a ninguém. Pelo contrário: gera apenas mais polarização, mais ódio e mais desgaste emocional entre as pessoas. Em um país já dividido, iniciativas assim só aprofundam a crise social, gerando ansiedade, estresse e conflitos desnecessários.
E esse fenômeno está se ampliando em todo o Brasil. Não é apenas em Maceió: Câmaras Municipais, Assembleias Legislativas e o Congresso Nacional estão cada vez mais pautados por projetos sem aplicabilidade prática, apenas para gerar engajamento eleitoral e espaço na mídia.
Maceió precisa de gestão eficiente, não de teatro político
A cidade precisa de representantes que apresentem propostas com impacto real na vida da população. Precisamos de:
✔️ Atualização do Plano Diretor para garantir um crescimento urbano ordenado.
✔️ Implantação de um Plano de Mobilidade para resolver o colapso do trânsito e do transporte público.
✔️ Criação de um Plano de Arborização Urbana para recuperar áreas verdes e combater o calor excessivo.
✔️ Modernização do Código de Urbanismo e Ambiental para evitar irregularidades e proteger o meio ambiente.
✔️ Aplicação efetiva do Plano de Saneamento Básico, garantindo água tratada e esgoto adequado.
✔️ Revitalização do centro histórico, transformando-o em um polo cultural e econômico.
✔️ Medidas para reforçar a segurança urbana, melhorando a iluminação e os espaços públicos.
✔️ Projetos para garantir acessibilidade e inclusão, tornando a cidade mais justa para todos.
✔️ Planos concretos para recuperação das áreas atingidas pela Braskem, garantindo justiça para as vítimas.
✔️ Políticas para impulsionar o turismo sustentável, aproveitando o potencial da cidade de forma responsável.
✔️ Criação do Plano de enfrentamento às mudanças climáticas
✔️Criação do Plano Municipal de Gestão de Cemitérios e Serviços Funerários (O sistema funerário de Maceió está em colapso, todos os cemitérios públicos superlotados, as pessoas sepultadas de forma precária em covas rasas – lençol freático e solo contaminados por Necrochorume – precisamos urgente de um cemitério e de um crematório público – hoje tem fila pra sepultamento no município famílias esperando até 3 dias pra sepultar seu ente querido – fora dezenas de corpos no IML aguardando sepultamento.
O que a população precisa são soluções eficientes e estruturadas, e não de distrações ideológicas que apenas inflamam debates inúteis e desviam a atenção dos problemas reais.
Conclusão: todo dia é dia das vítimas da hipocrisia política
Para nós maceioenses, todo dia é o Dia das Vítimas da Hipocrisia Política. O abandono da cidade, a destruição de bairros inteiros, a falta de planejamento e a omissão diante dos problemas reais não têm data específica – fazem parte do cotidiano de quem mora aqui.
Maceió precisa de soluções, não de distrações.