Leila diz que Palmeiras pedirá exclusão do Cerro Porteño por racismo

"Não é a primeira vez que esse clube ataca nossos atletas", disse a dirigente, referindo-se ao clube paraguaio
Presidente do Palmeiras, ao conceder entrevista sobre o caso: “é um menino; fiquei extremamente comovida, chateada e raivosa, mas essa raiva tenho que expor de forma civilizada; se esses criminosos não são civilizados, temos que ser”, desabafou a dirigente – a Conmebol disse que medidas disciplinares serão tomadas; a CBF, por sua vez, disse que representará à Conmebol cobrando "rigor nas punições". (Foto: reprodução / Camila Alves)

Leila Pereira se pronunciou nesta sexta-feira sobre os ataques racistas sofridos por Luighi e a equipe do Palmeiras durante a Libertadores Sub-20, na última quinta (6), no Paraguai.

A presidente do clube disse que pedirá a exclusão do Cerro Porteño da competição e criticou o árbitro.

“Ele não cumpriu com uma determinação da Fifa”, disse Leila sobre o árbitro, que não paralisou o jogo no momento da agressão.

“Vamos requisitar a exclusão do Cerro Porteño da competição”.

“Porque não é a primeira vez que esse clube ataca nossos atletas, nossos torcedores”, afirmou.

Ela se refere a episódios que aconteceram em 2022 e 2023.

O primeiro quando imitaram macacos na direção dos torcedores do Palmeiras.

No ano seguinte, os atletas foram chamados de macacos, e Bruno Tabata, que foi revidar a agressão, levou quatro meses de suspensão.

O clube tentou reverter e não conseguiu.

O formato da exclusão – se para todas as competições ou apenas a Libertadores Sub-20 – ainda não foram definidos.

Os advogados do Palmeiras estão trabalhando com a CBF para entender medidas cabíveis e efetivas que possam ser aplicadas.

Leila diz ainda que tentou falar com o presidente da Conmebol, Alejandro, mas não conseguiu.

“Eu tentei falar com o presidente da Conmebol e não consegui”.

“A Conmebol está sendo muito displicente em relação a esses fatos”, afirmou.

A presidente acompanhou a partida pela TV e disse que após o pronunciamento conversou com o coordenador da base do clube, João Paulo Sampaio, e com Luighi, parabenizou pela força e coragem, além de dizer que irão até as últimas instâncias por punição.

“É um menino”.

“Fiquei extremamente comovida, chateada e raivosa”.

“Mas essa raiva tenho que expor de forma civilizada”.

“Se esses criminosos não são civilizados, temos que ser.

A Conmebol disse que medidas disciplinares serão implementadas, e que outras ações estão sendo avaliadas com especialistas da área.

A CBF, por sua vez, disse que representará à Conmebol cobrando “rigor nas punições”.

O caso aconteceu na noite de quinta-feira quando um torcedor do Cerro Porteño imitou um macaco na direção de Luighi.

Integrantes da torcida também cuspiram na direção do atacante.

Luighi deixou o campo chorando e desabafou em entrevista após a partida, cobrando ações da Conmebol e, também, o repórter – que o perguntou sobre o jogo, em vez de abordar a agressão racista.

“Não, não. É sério isso?”

“Vocês não vão me perguntar sobre o ato de racismo que ocorreu hoje comigo?”

“É sério? Até quando vamos passar por isso? Me fala, até quando? O que fizeram comigo é crime, não vai perguntar sobre isso?”

“Vai me perguntar sobre o jogo?”

“A Conmebol vai fazer o que sobre isso?”

“Ou a CBF, sei lá. Você não ia perguntar sobre isso né?”

“Não ia. É um crime o que ocorreu hoje. Isso aqui é formação, estamos aqui para aprender”, disse Luighi.

Torcedor imita macaco na direção de Luighi, do Palmeiras — Foto: Reprodução

Nas redes sociais, o Palmeiras disse que iria até as últimas instâncias buscar uma punição ao responsável.

Os jogadores do elenco profissional compartilharam a postagem e alguns deixaram mensagens de apoio ao companheiro.

Entre eles, Marcos Rocha, Weverton e Allan Elias, que cresceu na base com Luighi.

Outros clubes do Brasil, entre rivais como Corinthians e São Paulo, por exemplo, e times de fora do estado também soltaram notas de apoio ao atacante alviverde.

Assim como alguns atletas de outras equipes ou aposentados.

Caso de Rony, do Atlético-MG; Dudu, do Cruzeiro; Felipe Melo, aposentado; Oscar, do São Paulo; Richarlison, do Tottenham; e Vini Jr, do Real Madrid e referência na luta antirracista.

Camila Alves — São Paulo

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